terça-feira, 24 de maio de 2011

ARTE CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO



Vaso Ruim - Nuno Ramos



ARTE CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO


Celso F. Favaretto *



SÍNTESE: Hoje, é imperativo recolocar o tema da função da arte na
educação, tanto nas instituições escolares como em atividades culturais
de museus, institutos e fundações, tendo em vista a dificuldade de se
manter a ideia de formação, derivada da Bildung, como fundamento de
concepções e práticas educativas. Consideramos que o essencial é o
acesso à experiência estética a partir do contato com a atitude e o trabalho
dos artistas, portanto, como pensar e propor as mediações estratégicas
para compatibilizar os dois termos da equação: educação e arte? Tanto
se partimos das obras de arte tradicionais e modernas, como da
generalização estética contemporânea – inclusive a determinada pela
indústria da cultura e garantida pelo sistema e pelo consumo –, as
propostas sobre a relação entre arte e educação, consensuais até pouco
tempo, vinculadas ao ideal de formação, não satisfazem mais as
expectativas de uma educação que enfrenta a heterogeneidade do saber,
da sensibilidade e da experiência contemporânea. Desta maneira, os
princípios do talento e da criatividade, até agora hegemônicos, que
informavam sobre as concepções e práticas da arte na educação,
demonstram-se insatisfatórios. Entretanto, ainda não está claro o que
pode ser associado a eles para se superar as dificuldades atuais.
Palavras-chave: arte contemporânea; experiência estética; educação
como transformação; mito da criatividade.


Medusa, after Caravaggio - Vik Muniz



Com frequência saem à tona interrogantes sobre a função da
arte na educação. De modo inicial, só se pode responder de modo
insatisfatório, pois se trata de perguntas pragmáticas. Não é possível ir
direto ao assunto, pois o que está implícito é a crença no caráter formativo
da arte, o que hoje não se tem claro e precisa ser devidamente justificado.
De fato, fala-se no papel da arte na educação porque supõe-se a
existência de um valor que vem de certa mitologia da arte, afirmada de
muitas maneiras: pela ideia, instalada há bastante tempo entre as reflexões sobre educação, de que a arte é componente essencial da formação humana e que isto deve ser garantido desde cedo; porque existe uma instituição, a escola, que garante a legitimidade da arte na educação; também, e de modo pregnante, porque desenvolveu-se uma demanda de mercado que recobre e infla a imagem cultural da arte. Mas, se há uma pergunta continuamente reiterada pelos educadores, é porque existe um problema, uma inquietação e alguma confusão sobre a composição ou intersecção dos dois termos da equação, educação e arte.
A resposta a essa pergunta exige, pois, o entendimento daquilo que se
determina na atualidade entre as duas práticas: a própria ideia de
«formação». Assim, é preciso fazer outras perguntas antes de se asssumir as
ideias consensuais que dizem respeito tanto à consideração – unânime –
de que a arte tem uma função na educação, através do papel que
desempenha, e de que ela é indispensável à formação integral do
educando, quanto à própria maneira de se entender o que quer dizer arte
e o que quer dizer formação, para que a suposta contribuição de uma à
outra tenha a importância que se lhes atribui. (CONTINUA...)



NOTAS:

(1) Sugestão enviada por e-mail pelo prof. Jabim Nunes do Núcleo de Arte Grande Otelo / 6a.CRE: http://nucleodeartegrandeotelo.blogspot.com/
(2) *C. F. FAVARETTO - REVISTA IBEROAMERICANA DE EDUCACIÓN. N.º 53 (2010), pp. 225-235: Texto em PDF: http://www.rieoei.org/rie53a10.pdf




Postado por Imaculada Conceição M. Marins

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